Aquela professorinha é tudo que eu queria para minha vida. Mauro pensava alto, batucando no balcão de encomendas da transportadora que teria trazido os pneus para o Sêneca do André. Cacoal era um pouco maior que Pimenta, e as ruas mais estreitas davam impressão de mais movimento. O asfalto aparecia aqui e ali em meio aos buracos e torrões endurecidos da lama que teimava em vir nos pneus borrachudos dos utilitários predominantes.
Sua camioneta, dessas pequenas, derivadas de carros de passeio, estava à espera numa sombra rala. Mauro já havia feito as compras, queria estar à espera de André, quando pousasse. Aquele era o parceiro que pedira a Deus, tudo estava melhorando depois que estava agenciando o piloto goiano. Gente boa.
Tinha chegado a Cacoal no final da tarde anterior, se instalou no hotelzinho abaixo da praça, fez alguns contatos e foi se preparar para seu encontro. Aquela professora já tinha virado sua cabeça, ele estava feliz da vida. Apanhou ela em casa, foram jantar num restaurantezinho novo, em que nada funcionou, e rindo muito, logo estavam sob os lençóis, no quarto de hotel.
Levantaram cedo, ela dava aula no primeiro horário, às sete e dez, correram para chegar a tempo. À porta da escola, a despedida calorosa foi sob assovios e vaias da meninada do ginásio, que teria assunto para todo o dia. Depois, compras, acertos e negócios por toda a manhã. Almoçou mais cedo, no posto de gasolina ao lado da transportadora.
Nada dos pneus. Estavam vindo num ônibus que sucumbiu aos buracos na estrada e teve que ser substituído. O atraso era de umas cinco horas, os pneus só estariam ali por volta das duas da tarde.
Diacho, pensou o Mauro, só vou estar em Pimenta pelas quatro da tarde, o André vai ter que agüentar a saudade até lá, sorriu.
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